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viernes, 6 de enero de 2012

CANÇÃO ELEGÍACA


Quando os teus olhos fecharem

Para o esplendor deste mundo,

Num chão de cinza e fadigas

Hei de ficar de joelhos;

Quando os teus olhos fecharem

Hão de murchar as espigas,

Hão de cegar os espelhos.



Quando os teus olhos fecharem

E as tuas mãos repousarem

No peito frio e deserto,

Hão de morrer as cantigas;

Irá ficar desde e sempre,

Entre ilusões inimigas,

Meu coração descoberto.



Ondas do mar - traiçoeiras ­

A mim virão, de tão mansas,

Lamber os dedos da mão;

Serenas e comovidas

As águas regressarão

Ao seio das cordilheiras;

Quando os teus olhos fecharem

Hão de sofrer ternamente

Todas as coisas vencidas,

Profundas e prisioneiras;

Hão de cansar as distâncias,

Hão de fugir as bandeiras.



Sopro da vida sem margens,

Fase de impulsos extremos,

O teu hálito irá indo,

Longe e além reproduzindo,

Como um vento que passasse

Em paisagens que não vemos;

Nas paisagens dos pintores

Comovendo os girassóis

Perturbando os crisantemos.



O teu ventre será terra

Erma, dormente e tranqüila

De savana e de paul;

A tua nudez será fonte,

Cingida de aurora verde,

A cantar saudade pura

De abril, de sonho, de azul

Fechados no anoitecer.


(Signo Estrelado, 1960)


JOAQUIM CARDOZO
(1897-1978)

Nacido en Recife, estado de Pernambuco, Joaquim Maria Moreira Cardozo murió en la histórica ciudad de Olinda. Ingeniero, ha sido el profesional preferido por Oscar Niemeyer para los cálculos estructurales de su avanzada arquitectura. Quizá tal hecho explique, de entrada la obra del poeta. Poesía bella y limpiamente compuesta, primorosa e innovadora, sin menoscabo de la tradición. Con fina sensibilidad suma a sus exquisitas metáforas valores regionales y folclóricos. Su tierra del Nordeste se hace presente, transfigurada con delicadeza oriental. No es de extrañar que uno de los deleites del poeta haya sido la traducción de poemas chinos, desde el original. Así puede hablarse de una "arquitectura verbal", con la emoción despejada y contenida, libros compuestos a modo de un único poema, rehaciendo la trayectoria lírico-sentimental de su ciudad, de los campos y del cielo, un mundo siempre abierto a lo universal. Son hitos admirables de su sensible quehacer lírico Prelúdio e Elegia de Uma Despedida (1952), O Signo Estrelado (1960) y O Coronel de Macambira (1963), pieza teatral según los autos medievales y las trovas populares dei Nordeste. JOSÉ SANTIAGO NAUD